sábado, 13 de maio de 2017

Resumo Sociologia 3º médio ETIP (2º trim)


Aula 1. Sociologia brasileira: Modernização e desenvolvimento.



  • A reflexão sociológica no Brasil sempre se preocupou com a natureza, o sentido e os desdobramentos da modernização. Este tema teve um papel relevante, afinal o próprio processo histórico que deu origem ao Brasil estava impregnado por esse conceito.



  • Costuma-se utilizar o ano de 1850 como um marco divisor para a modernidade brasileira, mas o que aconteceu neste ano para justificar esta afirmação?



  • Brasil em 1850 – Monarquia parlamentarista com amplos poderes do imperador D. Pedro II, aproximadamente 9 milhões de habitantes, população eminentemente rural, produção agrícola, instalação das primeiras ferrovias  e principalmente a extinção do tráfico negreiro pela Lei Eusébio de Queiroz.



  • A extinção do tráfico foi um marco rumo a modernidade, pois permitiu ao país se livrar deste verdadeiro “fardo colonial”, símbolo do atraso. Foi o primeiro grande passo para a modernização do Brasil.



  • Modernidade – Processo de mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais que ocorre em países da periferia do sistema capitalista, na medida em que esses países se direcionam para padrões mais complexos de organização social e política.



  • As principais referências de modernidade desde o início do século XX são os E.U.A. e a Europa ocidental, sua forma de organização era o modelo ideal a ser seguido por qualquer país que se pretenda “moderno”. Conceitos como democracia, industrialização e urbanização passaram a ser sinônimos de modernidade.



  • Existe no Brasil uma visão preconceituosa de que o progresso ou a modernidade só teve realmente início com a imigração européia.



  • Segundo muitos sociólogos ocorreu no Brasil uma chamada “modernização conservadora”, houve um grande progresso econômico acompanhado de um atraso social, as antigas estruturas políticas e sociais do passado foram mantidas, persistindo mecanismos sociais de exclusão e políticas de dominação.



Aulas 2/3. Os grandes sociólogos brasileiros.



·         Podemos dizer que existe realmente uma sociologia brasileira e não apenas uma sociologia no Brasil, pois os grandes nomes buscavam estudar o Brasil, sua formação, suas características e suas relações com o mundo. Os nomes de maior destaque são:



  • Euclides da Cunha (RJ, 1866 – 1908):



    • Autor de “os sertões” (1902), livro que conta a história da Guerra de Canudos no sertão nordestino.
    • Nesta obra, Euclides nos mostra a miséria e o isolamento da população nordestina.
    • Faz um diagnóstico do subdesenvolvimento nacional, mostrando a existência de “dois Brasis”.
    • Apesar do autor não ser um sociólogo acadêmico, sua obra serviu de base para muitos estudos sociológicos.



  • Gilberto Freyre (PE, 1900 – 1987):



    • Jornalista, poeta e escritor pernambucano.
    • Autor de Casa grande e senzala (1933), Interpretação do Brasil (1947), Ordem e progresso (1957) e outras obras.
    • Faz uma profunda análise das relações sociais entre os senhores de engenho e os escravos.
    • Freyre interpreta a história através de fatos da vida cotidiana.
    • Sua obra deu origem ao mito da democracia racial no Brasil, a ideia de que as várias raças convivem em harmonia na sociedade brasileira.



  • Sérgio Buarque de Holanda (SP, 1902 – 1982):



    • Historiador, crítico literário e jornalista.
    • Principais obras: Raízes do Brasil (1936), Visão do paraíso (1959), História geral da civilização brasileira (1961).
    • Defendeu a ideia da inata cordialidade do brasileiro, a hospitalidade, a generosidade, a espontaneidade são traços definidos do caráter brasileiro.



  • Florestan Fernandes (SP, 1920 – 1995):



    • Professor de sociologia exilado durante o regime militar.
    • Foi responsável pelo desenvolvimento da “Sociologia crítica” no Brasil.
    • Nesta linha de pensamento não basta mostrar os problemas sociais, é necessário opinar, criticar, propor, sugerir.
    • Principais obras: “Fundamentos empíricos da investigação sociológica”, “ A integração do negro na sociedade de classes.”, “ A revolução burguesa no Brasil.”



  • Darci Ribeiro (MG, 1922 – 1997):



    • Antropólogo, escritor e político exilado durante o regime militar.
    • Seus principais temas de estudo foram a educação e os indígenas brasileiros.
    • Questão-chave: a busca da identidade nacional, o que é “ser brasileiro”.
    • Estudo crítico da miscigenação e das relações de poder.
    • Obras: “Culturas e línguas indígenas do Brasil”, “Os brasileiros – teoria do Brasil”, “O povo brasileiro – a formação e o sentido do Brasil”.



  • Herbert José de Souza – Betinho (MG, 1935 – 1997):



    • Sociólogo e ativista dos direitos humanos.
    • Criou e dirigiu o projeto “ação da cidadania contra a fome, a miséria e pela vida”.
    • Obras: O Estado e o desenvolvimento capitalista no Brasil (1977), Como se faz análise de conjuntura (1984).
    • Segundo Betinho, só a participação cidadã é capaz de mudar o país.



  • Octávio Ianni (SP, 1926 – 2004):



    • Sociólogo e professor universitário.
    • Buscou compreender as diferenças sociais, as injustiças a ela associadas e os meios de superá-las.
    • Especializou-se na análise do populismo, do imperialismo e na crítica à nova ordem global.
    • Principais obras: Homem e sociedade (1961), Escravidão e racismo (1978), A sociedade global (1992), Pensamento social no Brasil (2004).



Aulas 4/5. Os três poderes da república e outros poderes.



OS TRÊS PODERES:



  • A Constituição do Brasil reconhece três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. A existência destes poderes e a ideia de que haja um equilíbrio entre eles é uma característica fundamental das democracias modernas.



  • Os três poderes são independentes, mas atuam em conjunto, isto para evitar a concentração de poder nas mãos de uma única pessoa.



  • Poder Executivo: Exercido pelo presidente da república, pelos governadores de estado e pelos prefeitos, a eles cabe governar, administrando os recursos públicos e executando obras essenciais à população. Contam com a ajuda de equipes especializadas, os ministros, secretários estaduais e secretários municipais.



  • Poder Legislativo: Exercido em âmbito federal pelo Congresso nacional, composto de duas casas, o Senado e a Câmara dos deputados. Em âmbito estadual, são os deputados estaduais reunidos na Assembleia legislativa e, no âmbito municipal são os vereadores que elaboram as leis do município, reunidos na Câmara municipal.



  • Poder Judiciário: Cabe ao poder judiciário interpretar as leis elaboradas pelo Legislativo e promulgadas pelo Executivo, devendo aplica-las em diferentes situações e julgar quem não as cumpre.



  • Além destes, outros poderes não oficiais se fazem presentes na sociedade, são instituições que exercem influência significativa junto à população.



O QUARTO PODER:



  • A Imprensa já foi caracterizada como o quarto poder, uma instituição com capacidade de mobilizar a sociedade e de denunciar abusos de poder, em uma democracia, os jornalistas e os meios de comunicação consideram um dever importante denunciar eventuais violações da lei e de direitos.



  • A sociedade dispunha deste “quarto poder” para criticar, rejeitar, resistir e denunciar democraticamente, as decisões injustas ou ilegais de ocupantes dos outros poderes.



  • Porém, nos últimos quinze anos, à medida que a globalização liberal avança, este “quarto poder” se viu esvaziado, perdendo pouco a pouco sua função de denúncia, pois a mídia, de modo geral virou uma mercadoria, um produto a ser consumido, e ao atender os interesses dos anunciantes ou patrocinadores perde sua neutralidade.



  • Grande parte dos jornais, revistas e sites de notícias fazem parte de grandes empresas e corporações que têm ligações com governos e com as elites econômicas.



O QUINTO PODER:



  • A cidadania se expressa por meio da participação política, que é, ao mesmo tempo, um direito e um dever do cidadão.



  • A participação política não se restringe apenas a assuntos públicos do Estado e a votar nas eleições, é muito mais abrangente que isto. Cada cidadão deve acompanhar os candidatos eleitos, fiscalizar, cobrar, denunciar e sugerir.



  • Com o advento e a popularização da internet, surgem novas formas de participação política, assim surge um novo poder no cenário político e social.



  • A imprensa tradicional tem ao seu lado um eclético e emergente quinto poder, formado pelos novos protagonistas da comunicação digital, surge um novo ator dentro da arena da comunicação política.



  • O quinto poder seria um aglomerado difuso dos novos produtores independentes de notícias e informações, pessoas que postam informações em blogs, tuites e sites comunitários.



  • Algumas características deste quinto poder:



    • Rapidez e alcance das informações – Um post pode atingir milhares de pessoas em minutos.
    • Caráter militante – As pessoas usam os posts para defender opiniões e preferências políticas.
    • Ausência de objetividade e de fundamentação – Muitos posts não aprofundam os assuntos com análises mais coerentes e sólidas.
    • Anonimato – Quem posta notícias pode se apresentar com um pseudônimo ou com um “nome fantasia”, não se identificando.
    • Falta de fontes – Não se costuma citar fontes viáveis das informações, para sabermos se um post é verdadeiro, temos que checar as fontes. 



  • A internet pode ser um poderoso instrumento para mobilização popular, vimos isso na famosa primavera árabe e nos protestos brasileiros de junho de 2013.



  • Primavera árabe - onda revolucionária de manifestações e protestos que ocorreram no Oriente Médio e no Norte da África a partir de 18 de dezembro de 2010. Houve protestos e revoluções nos países: Tunísia, Egito, Líbia, Síria, Iraque, Iêmen e em mais 16 países. Teve como principais consequências seis governos derrubados e três guerras civis (Síria, Iraque e Líbia). As redes sociais tiveram um papel fundamental na mobilização popular.



  • Manifestações de junho de 2013 - foram várias manifestações populares por todo o Brasil que inicialmente surgiram para contestar os aumentos nas tarifas de transporte público, principalmente nas principais capitais. Calcula-se que mais de um milhão de pessoas em mais de 400 cidades participaram do movimento. São as maiores mobilizações no país desde as manifestações pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello em 1992, e chegaram a contar com até 84% de simpatia da população.



  • O avanço do “quinto poder” pode nos levar a algumas importantes questões:



    • Qual o papel da imprensa em uma democracia?
    • Quais as possibilidades de uso da internet no exercício da cidadania?  



Aula 6. Um breve perfil da população afro-brasileira.



·         A população brasileira é miscigenada desde o período colonial, mesmo assim há o reconhecimento oficial da existência de várias raças, embora este conceito seja considerado ultrapassado e substituído pelo conceito de etnia, que envolve a origem e a cultura de cada povo.



·         Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o povo brasileiro está classificado racialmente da seguinte forma:

o   Brancos – 47,51%

o   Pardos – 43,42%

o   Pretos – 7,52%

o   Amarelos – 1,10%

o   Indígenas – 0,42%

o   Outros – 0,03%



·         Se reunirmos os pretos e os pardos, o número passa de 50% de pessoas da raça negra, no entanto, mesmo sendo maioria, eles possuem menos oportunidades na sociedade:



o   Educação: Os negros representam 38% dos que frequentam uma universidade, menos de 28% deles se formam e menos de 20% dos que se formam obtém um título de mestre ou doutor, numa pós-graduação.

o   Renda: Os negros representam apenas 16% do 1% mais rico, no oposto, os negros correspondem a 75% dos 10% mais pobres.

o   Representação social: Os negros ocupam apenas 20% da Câmara dos deputados. No Senado são apenas 7 entre 81 (8,6%). No poder judiciário, apenas 15,4% dos magistrados são negros.

o   Violência: Segundo o Mapa da violência 2015, 74% do total de pessoas assassinadas por armas de fogo no Brasil eram negras. Os negros são as principais vítimas em ações policiais.



·         É contra as diferenças estruturais entre brancos e negros que são propostas ações afirmativas – medidas institucionais, públicas ou privadas, que objetivam oferecer igualdade de oportunidades e de tratamento a qualquer grupo social discriminado.



·         No Brasil, uma das principais ações afirmativas é a reserva de cotas raciais.



Aulas 7/8. Afro-brasileiros: a questão das cotas raciais e os grupos étnicos.



·         As cotas raciais são a reserva de vagas em instituições públicas ou privadas para grupos específicos classificados por etnia, na maioria das vezes, negros e indígenas. Surgidas na Índia na década de 1930, as cotas raciais são consideradas, pelo conceito original, uma forma de ação afirmativa, algo para reverter o racismo histórico contra determinadas classes étnico/raciais.

 

·         A primeira lei de cotas é referente à educação e leva em conta tanto a cor quanto a condição social do aluno. A lei nº 12,711/2012 sancionada pela presidente Dilma Roussef, beneficia negros e indígenas. Estabelece que todas as universidades federais devem reservar 50% de suas vagas para estudantes que tenham cursado o Ensino médio em escolas públicas, as vagas destinadas a negros e indígenas obedecem o percentual desses grupos em cada estado.



·         Em 2014, foi sancionada a lei 12,990/2014 que reserva cotas de 20% para negros nas vagas de concursos públicos para cargos da administração federal e de empresas publicas.



·         O critério para definição da raça é a auto declaração do candidato.



·         Apesar de muitos considerarem as cotas como um sistema de inclusão social, existem controvérsias quanto às suas consequências e constitucionalidade em muitos países.



·         Argumentos a favor das cotas raciais:

o   Corrigir a dívida histórica por séculos de exploração.

o   Minimizar as diferenças raciais e socioeconômicas que sempre existiram no Brasil

o   O abismo existente entre escolas públicas e particulares fornecem, claramente, oportunidades distintas a estudantes de classes sociais diferentes.

o   Os cotistas não ganham as vagas de graça, mas tem que disputa-las, ou seja, só os melhores alunos conseguem as vagas.



·         Argumentos contrários às cotas raciais:

o   A pessoa não pode ter privilégios por causa de sua ancestralidade.

o   Não podemos responsabilizar os brancos de hoje pelo que os brancos do passado fizeram.

o   Um país é justo quando qualquer um, não importando a cor ou a origem, possa perseguir seus sonhos através do fruto de seu trabalho.

o   Se só existe a raça humana, por que o governo promove a identificação racial de seus cidadãos?



·         O racismo existente na sociedade brasileira se processa em diversos níveis: cultural, econômico, político e até moral.



·          Grupo étnico é compreendido como uma coletividade que partilha valores, costumes e uma memória comum, que nutre uma crença subjetiva numa origem, imprescindível para a definição da “comunidade de sentido”, existindo ou não laços de sangue.



·         Deve-se ter em conta que as singularidades da cada etnia não são fixas, são convenções sociais que podem mudar de acordo com a situação e o momento histórico vivido.


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