domingo, 20 de agosto de 2017

Resumo Filosofia 2º médio ETIP (3º trim)

Aulas 1/2. O nascimento da ciência moderna.

  • A visão de ciência dos antigos gregos – O conhecimento estava voltado para a compreensão da totalidade do real, da vida humana e da natureza, o ensino tinha por objetivo o domínio de si mesmo e a reflexão sobre as virtudes.

  • O período moderno, em especial a partir do século XV, significou o fim do cosmo fechado grego e da transcendência medieval, dando lugar a uma nova concepção de homem e de mundo, a partir da consciência do Cosmo infinito.

  • O homem se separa do Cosmo, que passa a ser visto como objeto, conhecendo a possibilidade de dominá-lo.

  • A Revolução científica é um movimento de ideias que ocorreu, simultaneamente na Física, na Astronomia e na Biologia, e que vai provocar uma reviravolta no pensamento filosófico.

  • Nomes e obras importantes da ciência:

·      Nicolau Copérnico (Polônia, 1473-1543): Das revoluções das esferas celestes. (1543).

·      Giordano Bruno (Itália, 1548-1600): Sobre o infinito, o universo e os mundos. (1584).

·      Galileu Galilei (Itália, 1564-1642): Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo. (1632).

·      Blaise Pascal (França, 1623-1662): Pensamentos. (1670).

·      Isaac Newton (Inglaterra, 1642-1727): Princípios matemáticos da filosofia natural. (1687)

  • Copérnico propõe substituir o modelo geocêntrico de Ptolomeu/Aristóteles pelo modelo heliocêntrico, afirmando que a Terra e os demais planetas giram em torno do sol. Ao retirar a Terra e o homem do centro do Universo ele provoca uma verdadeira revolução no pensamento ocidental.

  • Bruno defendia a tese do Universo infinito e em constante transformação, e a de que a Terra era apenas um dentre inúmeros mundos existentes.

  • Galileu aprimorou o telescópio e aplicou leis matemáticas e geométricas para entender a Natureza, criando as bases da Física moderna. “O livro da Natureza está escrito em caracteres matemáticos.”

  • Pascal revela a inquietação e a angústia diante da pequenez humana no Universo infinito. “O silêncio desses espaços infinitos me apavora.”

  • Newton desenvolveu uma completa formulação matemática da concepção mecanicista da Natureza, sistematizando as leis fundamentais da Física.

Aula 3. A ciência do século XVII e a nova visão de mundo.

  • O desenvolvimento científico do século XVII foi fundamental para a construção da ciência moderna, pois os pressupostos ali colocados serviram de base para tudo o que foi feito a partir daí.

  • Pressupostos:
    • Matematização da natureza – Explicação de eventos naturais através das relações matemáticas existentes, só o conhecimento matemático pode explicar as coisas.
    • Adoção do método experimental – Não confiar apenas nas teorias, mas fazer experimentos que as comprovem, não se faz ciência sem experiência.
    • Pensamento mecanicista – O Universo é considerado uma grande máquina, onde todos os seus elementos estão conectados, uso da metáfora do relógio.
    • Novos objetivos - A ciência passa a ter como objetivo ampliar o poder dos homens sobre a Natureza, valorização da técnica e da tecnologia.

  • A partir do século XVII há uma mudança radical de postura intelectual, com a adoção dos pressupostos citados, o homem passa a ter poder sobre a Natureza, fabricando novas verdades.
 
  • O homem renascentista se vê diante de uma dualidade: racional e divina, onde o mundo e a alma entram em conflito. Ocorre a libertação humana da determinação divina, os homens saem da condição de criaturas e tornam-se criadores da vida em seus vários aspectos.

  • Distinção quanto aos estágios do conhecimento:
    • Informação – Dado captado pelos sentidos (imagens, cores, sons, cheiros,...).
    • Conhecimento – É a informação analisada e compreendida pela mente.
    • Sabedoria – É o conhecimento submetido a crenças e valores morais e éticos. 

  • O ato de conhecer não é só sensível, mas uma expressão de conteúdos da consciência.

  • Nessa nova visão de mundo, o Universo passa a ser entendido matematicamente, com leis determinadas pela sua própria realidade.

  • O mundo é comparado a um relógio, uma máquina que funciona de forma mecânica e autônoma, pela qual o ser humano passa a ser a medida de todas as coisas e senhor de seu destino.

  • Para Aristóteles, o desejo de saber é uma característica natural de todos os seres humanos. A curiosidade é um desejo primitivo de desvendamento das coisas. Desde os povos mais antigos, esse desejo incansável, sempre renovado, se faz presente na História.
                                  
Aula 4. O legado do Renascimento e da revolução científica.

  • Em todas as épocas da História, as grandes questões existenciais giram sempre em torno dos temas: o homem, o Universo e Deus, variando o foco de acordo com os interesses dominantes de cada época.
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  • O Renascimento trouxe modificações no ato de conhecer, criando condições apropriadas ao desenvolvimento de novas concepções, de uma nova visão de mundo, com destaque para:
    • A separação entre fé e razão.
    • O antropocentrismo.
    • O saber ativo em oposição ao saber contemplativo.

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  • Surge uma nova proposta de reflexão crítica sobre as possibilidades do conhecimento, a partir de duas direções distintas:
    • Saber se é possível conhecer cientificamente o mundo natural.
    • Saber se as questões metafísicas podem ser conhecidas com base em modelos científicos.
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  • O Humanismo renascentista valoriza o pensamento humano, excluindo qualquer realidade fora da consciência.

  • Da revolução astronômica de Copérnico, passando por Galileu, Bacon e Descartes até a física de Newton, a ciência encontra sua expressão mais moderna na ideia de um Universo concebido como uma máquina, o surgimento de novas ideias transforma o mundo, as ideias mais relevantes do período foram:
    • A Terra e o homem não são mais o centro do Universo.
    • Aliança entre ciência e técnica, modificando a visão de conhecimento.
    • O método experimental funda a nova ciência, independente da Fé.
    • A essência das coisas é substituída pelas qualidades e funções.

·         Surgem grandes questionamentos sobre o processo do conhecer: É possível conhecer? Como conhecer? Como verificar a validade de um conhecimento? Quais os critérios para a verdade? Qual a extensão do conhecimento? O conhecimento vem da experiência sensível, da razão ou de ambas?

·         Surgem como resposta a essas questões duas correntes filosóficas opostas entre si: o Empirismo e o Racionalismo.


Aulas 5/6. Empirismo: os sentidos fundam o conhecimento.

  • O Empirismo:

         Doutrina filosófica que encontra o seu auge nos séculos XVII e XVIII na Inglaterra com Francis Bacon, John Locke e David Hume.

         Ideia básica: A Razão, a verdade e as ideias são adquiridas por nós através da experiência sensível, ou seja, só adquirimos conhecimento através dos cinco sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato), antes disso a mente é como uma “página em branco”, em que são impressos os dados da sensibilidade.

         Francis Bacon (Inglaterra, 1561-1626):

         Nasceu de uma família nobre na Inglaterra absolutista da rainha Elizabeth I. Fez carreira política, chegando a ser chanceler do rei Jaime I.

         Sua principal máxima: “Saber é poder!”, expressa uma visão otimista do poder de conhecer dos seres humanos, capaz de levar ao inevitável progresso; a tradição filosófica o considera o “pai” do método experimental.

         O conhecimento não tem valor em si mesmo, mas representa um poderoso meio para
      conquistar o poder sobre a Natureza.

         Objetivo de sua filosofia: Elaborar um novo método de investigação que permitisse o conhecimento correto dos fenômenos naturais, criticando e rejeitando a ciência e a filosofia anteriores.

         O Método experimental – Valorização da experiência sensível e do raciocínio Indutivo (do particular para o geral).

         Bacon reflete uma visão materialista e mecanicista da realidade; ele pode ser considerado um grande Naturalista, porque ele interpreta a realidade segundo causas naturais.

         Principais obras: “Novum Organum” e “Nova Atlântida”, ambas expressam a confiança no poder da Ciência para garantir a felicidade humana, enfatizando assim o caráter utilitarista do conhecimento.

         Em Política, Bacon defendia um Estado forte, autoritário, tendo por base a ideia de que a harmonia e o bem-estar da sociedade provêm do controle científico da Natureza.

         A contribuição de Bacon para o desenvolvimento das Ciências foi enorme, pois até os dias atuais valoriza-se a investigação científica de caráter empírico.


         David Hume (Escócia, 1711-1776):

·         Filósofo, historiador e ensaísta britânico nascido na Escócia que se tornou célebre por seu empirismo radical e seu ceticismo filosófico. Sendo considerado um dos mais importantes pensadores do chamado iluminismo escocês e da própria filosofia ocidental.

·         Principais obras:
o   Tratado da Natureza humana. (1739)
o   Ensaios morais, políticos e literários. (1741)
o   Investigação sobre o entendimento humano. (1748)
o   Diálogos sobre a religião natural. (1779)

•    Para Hume, as nossas ideias não são apenas cópias das impressões que temos das sensações (experiências externas), mas também das impressões das emoções que experimentamos diante das sensações (experiências internas). 

         A origem das ideias segundo Hume:
         As sensações formam a percepção, a associação das percepções formam as ideias.
         Temos o hábito de fazer associações; para Hume  a razão é o hábito de associar ideias.

         A pesquisa metafísica e a atividade científica usam como base o “princípio da causalidade”, pois o cientista faz experiências e busca as causas que expliquem o fenômeno observado, o mesmo vale para os argumentos metafísicos.

         Hume questiona esse princípio: para ele todo raciocínio experimental  utiliza a causalidade, mas de onde vem isso? Qual a impressão sensível que garante isso?

         Ele não encontra em nenhum setor da experiência, uma impressão concreta de causalidade que a justifique. A experiência externa só me fornece o depois, não me dá a origem do porquê.

         A causalidade não existe nas coisas, mas em uma crença que se baseia no hábito de associar ideias. Pelos sentidos não percebemos causas, mas sensações.

         A influência da filosofia de Hume pode ser percebida principalmente em Kant, na filosofia analítica e na fenomenologia.

Aulas 7/8. Racionalismo: a Razão funda o conhecimento.

  • O Racionalismo:

  • Doutrina filosófica inaugurada pelo francês René Descartes (1596-1658), Spinoza e Leibniz são outros expoentes dessa corrente.

  • Princípios do Racionalismo:
  • Privilegia a razão em detrimento da experiência do mundo sensível como via de acesso ao conhecimento, estipula o sujeito do conhecimento como fundamento de toda a verdade.

  • A Razão é a luz natural inata que permite o acesso à verdade, sendo a verdade uma característica das ideias e não das coisas. Por exemplo, quando vejo um objeto e digo: Isto é um livro de filosofia, sabemos que o livro existe e que a verdade está na ideia, no conceito “livro de filosofia”, que é verdadeiro por corresponder ao objeto existente.

  • O racionalismo afirma que tudo o que existe tem uma causa inteligível, mesmo que essa causa não possa ser demonstrada empiricamente, tal como a causa da origem do Universo.

  • As ideias inatas:
  • Descartes defende a existência de “ideias inatas”, que por serem puras (livres dos sentidos) só podem existir porque já nascemos com elas.
  • Exemplos: Infinito, tempo, espaço, Deus, relações matemáticas, ... (intuições intelectuais).

  • René Descartes (França,1596-1658):

  • Filósofo, físico e matemático francês, por vezes chamado de "o fundador da filosofia moderna" e o "pai da matemática moderna", é considerado um dos pensadores mais importantes e influentes da História do Pensamento Ocidental.

  • Principais obras:
    • "Discurso sobre o método" (1637);
    • "Meditações Metafísicas" (1641);
    • "Princípios de Filosofia" (1644);
    • "As Paixões da Alma" (1649);

  • O caminho lógico para o Cogito:
  • A frase considerada símbolo do Racionalismo é o cogito cartesiano: “Penso, logo existo.”(a primeira verdade é a minha existência enquanto um ser pensante).

  • Nas Meditações, Descartes reproduz a sequência de raciocínios que o levaram aos fundamentos lógicos do conhecimento humano. Vejamos como isso ocorre:

  • Primeira meditação: A dúvida metódica.
  • Para encontrar a Verdade nas ciências é necessário rejeitar tudo o que possa ser motivo de dúvida. Deve ser uma dúvida radical.
  • A principal fonte de conhecimento vem dos Sentidos, pois nos fornecem dados óbvios e evidentes.
  • Os Sentidos não são confiáveis, pois podemos nos enganar.
  • Argumento dos sonhos – Difícil distinção entre a vigília e o sono, induz a ilusões.
  • O conteúdo dos sonhos sempre reflete a representação de algo.
  • Porém, mesmo duvidando dos sentidos, como duvidar das relações matemáticas? (2 + 3 = 5, independente de qualquer engano).
  • Argumento do Deus enganador – Deus teria o poder para me enganar, mas Deus não pode ser maligno, ele é soberanamente bom, logo ele não me engana.
  • Argumento do Gênio maligno – Um gênio maligno me engana em tudo, tudo o que sei é mera ilusão.

  • Segunda meditação: A primeira verdade, o Cogito.
·         Para chegar à verdade basta encontrar uma coisa que seja certa e livre de dúvidas, um ponto fixo a partir do qual possa alcançar outras verdades.
·         Supondo que tudo o que vejo é falso, tudo o que penso são ficções, então o que poderá ser considerado verdadeiro?
·         Não há dúvida de que eu sou algo, mesmo que um enganador me engane sempre, jamais poderá fazer com que eu não seja nada, enquanto eu pensar ser alguma coisa.
·         Se duvido de tudo e sou sempre enganado, não tem como negar a minha existência.
·         A proposição “Penso, logo existo”, é necessariamente verdadeira.

·         Conclusão:
·         Descartes utiliza a dúvida radical como um método de pesquisa, os argumentos citados, dos sonhos, do Deus enganador e do gênio maligno são criações artificiais que servem para estender a dúvida ao extremo, chegando finalmente na primeira verdade: Eu existo enquanto um ser pensante, eu sou algo que pensa!


·         A partir daí, tem início uma análise das razões para descobrir qual a natureza daquilo que pensa, passando pela prova da existência de Deus e da existência do mundo físico exterior à mente. 

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