domingo, 20 de agosto de 2017

Resumo Filosofia 3º médio ETIP (3º trim)

Aulas 1/2. O Surrealismo

  • O Surrealismo foi um movimento artístico e literário nascido em Paris na década de 1920, inserido no contexto das vanguardas que viriam definir o modernismo no período entre as duas guerras mundiais.

  • Fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (Áustria, 1856-1939), o Surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa. Um de seus objetivos foi produzir uma arte que, segundo o movimento, estava sendo destruída pelo Racionalismo.

  • O poeta e crítico francês André Breton (1896-1966) foi o principal líder e mentor deste movimento.

  • Outros representantes: A. Artaud, Luís Buñuel, Salvador Dali, René Magritte, Pablo Picasso, Juan Miró, Max Ernst.

  • Características – Combinação do representativo, do abstrato, do irreal e do inconsciente. Segundo os surrealistas, a arte deve se libertar das exigências da lógica e da razão e ir além da consciência cotidiana, procurando expressar o mundo do inconsciente e dos sonhos.

  • Os Surrealistas rejeitavam a chamada ditadura da razão e os valores burgueses como pátria, família, religião, trabalho e honra. Para eles, a imaginação é mais importante do que a razão.

  • A partir da leitura de Freud, os surrealistas mergulharam na ideia de que a verdade estava nos sonhos, uma forma de linguagem que nos abre o acesso ao inconsciente, onde estão guardados os pensamentos e desejos mais profundos do homem. É nessas manifestações do inconsciente, nessa ligação entre o real e o imaginário, que o artista surrealista vai buscar sua inspiração. 

  • Humor, sonhos e a contra lógica (Irracionalidade) são recursos a serem utilizados para libertar o homem da existência utilitária. As ideias de bom gosto e decoro devem ser subvertidas.

  • Mais do que um movimento estético, o Surrealismo é uma maneira de enxergar o mundo, uma vanguarda artística que transcende a arte. Busca restaurar os poderes da Imaginação, castrados pelos limites do utilitarismo de uma sociedade burguesa e superar a contradição entre objetividade e subjetividade, tentando consagrar uma poética da alucinação, de ampliação da consciência.


Aula 3. A crítica ao mecanicismo, ao antropocentrismo e ao evolucionismo.

  • O Mecanicismo foi uma forma de pensar que acreditava que o Universo se comporta como uma grande máquina cujas causas podem ser conhecidas e compreendidas, sendo inteiramente previsíveis.

  • Para o mecanicismo, a máquina do mundo é uma estrutura grandiosa, e o conhecimento científico é aquele que pode ser medido, quantificado e decomposto em partes mais simples, como se fossem pequenas peças de um relógio.

  • A concepção de mundo e de homem contemporâneo estrutura-se a partir de um processo de questionamento e desconstrução do triunfo da razão.

  • A partir do século XIX, o Antropocentrismo, sustentado na razão humana, foi seriamente abalado pelas novas descobertas da ciência:
o   A teoria heliocêntrica de Copérnico e Galileu.
o   A teoria da evolução das espécies de Charles Darwin.
o   A teoria materialista da história de Karl Marx.
o   Os questionamentos de Nietzsche e Freud.

·         A grande questão para se estabelecer uma relação entre a moral e a teoria da evolução, é, em primeiro lugar, a constatação do homem como uma espécie como outra qualquer.

·         A consequência da questão evolucionista é que a ideia de homem como um ser que se liberta dos instintos e evolui para uma racionalidade e civilização não se sustenta, uma vez que a cultura não é capaz de romper totalmente com sua base biológica.


Aula 4. A crítica da ciência: Popper, Kuhn e a razão instrumental.

  • O avanço tecnológico do século XX fez a ciência deslumbrar muitas pessoas, porém ao mesmo tempo em que obtinha avanços incríveis, também produzia muitos problemas.

  • Duas visões de ciência se destacaram neste século:

  • Karl Popper (Áustria, 1902-1994) – A ciência era conhecida como uma atividade estritamente indutiva, pois avança a partir de observações, experiências, hipóteses e generalizações. Popper questiona essa posição, dizendo que as referências indutivas não conferem uma necessidade lógica à teoria, propõe a Teoria da Falseabilidade, segundo a qual uma teoria só pode ser considerada verdadeira até que ela seja refutável ou falseável.

  • Thomas Kuhn (E.U.A., 1922-1996) – Com sua obra: “A estrutura das revoluções científicas” (1962) ele propõe que as grandes revoluções científicas ocorriam por uma evolução de paradigmas (modelos). As mudanças ocorrem quando um paradigma não consegue mais dar respostas satisfatórias, ficando saturado; a busca por novas respostas levam à substituição por novos paradigmas.

  • Os grandes paradigmas da ciência moderna segundo T. Kuhn – Aristóteles/Ptolomeu, Copérnico/Galileu, Isaac Newton e Albert Einstein. 

  • A razão instrumental – A racionalidade instrumental surge quando o sujeito do conhecimento toma a decisão de que conhecer é dominar e controlar a natureza e os seres humanos. Ao contrário, a razão crítica questiona os limites e a validade da razão humana.

Aula 5. O Existencialismo.

  • Corrente filosófica surgida na Europa durante a segunda guerra mundial, tem por objetivo estudar a existência humana, o modo de ser do homem no mundo, questionar o valor da vida e da dignidade.

  • Nomes:
    • S. Kierkegaard (Dinamarca, 1813 – 1855): “O conceito de angústia.”
    • M. Heidegger (Alemanha, 1889 – 1976): “Ser e tempo”.
    • M. Merleau-Ponty (França, 1908 – 1961): “Fenomenologia da percepção”.
    • J. Paul Sartre (França, 1905 – 1980): “O ser e o nada”.

  • Principais ideias:
    • O ser humano é finito, a morte é inevitável.
    • A vida humana é sempre problemática. (incerteza quanto às possibilidades).
    • Realce aos aspectos negativos e destrutivos das possibilidades existenciais dos homens no mundo. (morte, doença, sofrimento, fracasso, loucura,…)
    • O Existencialismo é uma filosofia da ação, os homens agem e dão significados à suas vidas.

  • Jean-Paul Sartre ( França, 1905 – 1980)

  • Destaca a necessidade do ser humano de buscar um sentido para a própria existência, o ser humano não consegue conviver em paz com o fato de sua vida não fazer sentido.

  • Nas coisas, a essência (ideia que explica) precede a existência. (ideia que explica). Qualquer objeto ou serviço produzido pelo homem foi primeiro planejado, existiu como uma ideia.

  • Nas pessoas a existência precede a essência. ( os homens existem, estão aí, para depois construírem sua essência, seu projeto existencial). O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo.

  • O ser humano está condenado a ser livre. ( o exercício da liberdade gera uma angústia da existência, devido a responsabilidade das pessoas sobre a própria vida, e a incapacidade de escolher certo dentre as várias possibilidades). Como garantir que nossas escolhas sejam as melhores possíveis?


Aulas 6/8. Filosofar é preciso.

  • Tema 1: Na balada do nada.

    • Quando você entra numa balada tudo vira outra coisa. Nada do que vale lá fora continua valendo, é um mundo à parte.
    • A ordem do poder atual exige celebração contínua, ligada à afirmação do indivíduo pela realização do próprio prazer.
    • O culto ao corpo, a vontade de consumo e a fuga do real são práticas comuns na época contemporânea.
    • As sociedades modernas fundam-se no individualismo, com base na liberdade e na autonomia do sujeito.
    • Como consequência, as pessoas perdem o sentimento do todo, surgindo a solidão e o desamparo.
    • Tudo se mostra relativo e provisório, evidenciando a urgência de viver intensamente o aqui e o agora, sem preocupar-se com o outro.
    • É a velha batalha entre o princípio da realidade e o princípio do prazer.

  • Tema 2: O ócio, tempo livre para pensar e criar.

    • O ócio puro, depois de pouco tempo, aborrece; já o ócio criativo faz a síntese do trabalho, do estudo e da diversão.
    • O ócio criativo é uma arte que se aprende e se aperfeiçoa com o tempo e com o exercício.
    • É necessário aprender que o trabalho não é tudo na vida e que existem outros grandes valores: o estudo, a diversão, o sexo, a família, a religião.
    • À medida que o homem passou a viver para trabalhar, houve uma imensa queda da capacidade criativa, tirando a liberdade e o prazer de fazer as coisas.
    • O ócio atualmente é visto com maus olhos, mas esquece-se, porém, como o ócio foi e é essencial à Literatura e à Filosofia.
    • Em um mundo em que ninguém seja obrigado a trabalhar mais do que quatro horas por dia, todas as pessoas que possuíssem curiosidade científica, artística, seriam capazes de satisfazê-las. Haveria felicidade e não fadiga e stress.
    • Foi a classe ociosa que cultivou as artes, as ciências, escreveu livros, elaborou filosofias. Sem a classe ociosa a humanidade ainda seria primitiva.

  • Tema 3: Quando a vida imita a arte.

    • Pluralidade cultural é um conceito que expressa um acúmulo de experiências humanas que é patrimônio de toda a sociedade.
    • Cultura popular pode ser entendida como a produção cultural do povo, através de tradições e costumes.
    • A indústria cultural é uma cultura produzida por especialistas com o objetivo de vender algo, formando a “sociedade de consumo”, manipulada pelo marketing.
    • O estímulo ao desejo de posse alimenta a dominação por meio da constante renovação na técnica e na ciência controladas pela indústria cultural.
    • Segundo Guy Debord (França, 1931-1994), vivemos numa “sociedade do espetáculo”, que não se restringe às imagens, mas a uma relação social mediada pelas imagens.
    • O “espetáculo” é o sonho da sociedade, que encontra nele sua vontade de fugir da realidade e se entregar à ilusão, a mercadoria torna-se um fetiche e o dinheiro comanda suas decisões e vontades.
    • A alienação social alcançou seu auge, o “espetáculo” é uma verdadeira religião, determinando uma realidade virtual que substitui a realidade de fato.
    • O espectador perde sua identidade, pois tudo que usa, sente e age são imitações do que aparece na mídia, ele absorve tudo sem questionar, pois não reconhece sua alienação.  

  • Tema 4: A banalidade do mal e a urgência da educação. 

    • Atualmente estamos todos “anestesiados” pela violência, perdemos a capacidade de nos chocar e nos surpreender por ela.
    • Convivemos rotineiramente com a violência como se ela fosse uma coisa natural. Torturas, crimes hediondos, maus tratos são cenas comuns nos jornais.
    • A filósofa alemã Hannah Arendt definiu que o mal pode ser banalizado, ou seja, a execução da maldade contra outro ser humano seja naturalizada, realizada de forma mecânica e sem nenhum constrangimento.
    • A banalidade do mal é uma típica característica de uma cultura carente de pensamento crítico e da análise das consequências de seus atos.
    • A ausência de pensamento torna as pessoas incapazes de fazer juízos morais, isso permite que muitos homens comuns cometam atos cruéis.
    • Atos de maldade parecem satisfazer desejos e instintos considerados naturais.
    • Segundo Arendt, uma educação que não estimule a criatividade e a capacidade de reflexão pode provocar a naturalização dos instintos malignos.


  • Tema 5: Reinventando a democracia.

    • Será que a democracia é realmente a melhor forma de governo que existe? Será possível aperfeiçoar esse sistema? Quais os pontos positivos e os negativos?
    • Para entender a ideia de democracia, alguns conceitos são necessários:
    • Legalidade – A existência de leis impostas, o respeito às leis é o respeito ao direito.
    • Legitimidade – Quando há um consenso sobre as leis, um poder legítimo é um poder reconhecido e respeitado por todos.
    • Autoridade – É quando um poder se exerce de forma legítima, reconhece-se a autoridade.
    • Questionamento: Tudo que é da lei ( legal) é justo e legítimo?
    • Vivemos hoje uma crise de autoridade, não reconhecemos a legitimidade de nossas lideranças políticas.
    • O filósofo italiano Norberto Bobbio propõe um diálogo franco entre o Liberalismo e o Socialismo, gerando o que ele denomina de Socialismo Liberal.


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